domingo, 12 de abril de 2015

houvera




quando amanhece, o dia já morreu.
aguilhões na artéria da mão,
um desencantar da vida.
o coração a conta gotas
o fôlego – respiro arfante do vento:
se eu tivesse sobrevivido.
e eu não voltei
de onde tudo há de se perder.



fotografia     kamil vojnar
palavras     luciana marinho

sexta-feira, 3 de abril de 2015

transversais






I

surgem respirando as raízes afundadas
os olhos exilados em porões de outro mundo.
contra a luz
a sombra deixa enormes as víboras.

II

onde mais viverei?
o quarto era escuro e os objetos 
eram apalpados pelo hálito dos mortos.
as crianças comiam com a mão
e, às vezes, passavam o dia na água, esquecidas


III

não respondia pelo nome.
chegou aos sete anos com neblina encardindo as cavidades.
a pupila dilatada em pranto de nascer
quimera dentro de uma concha arrancada de mar nenhum.

IV

corria com os punhos fechados 
para o soluço não cair da mão.




fotografia     lauren rosembaum
palavras     luciana marinho

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