23 de dezembro
t.,
avistei um homem perdido. seus passos sem território
eram os meus. penso nos filhos que morrem, a primeira vez, no sangue das mães.
o cheiro de hortênsias os cobre e eu o sinto quando eles passam por nós. como em mim. nestes dias em que desconheço para que servem tantas coisas, a lentidão ocupa a mobília e a luz que estende os vitrais pelo interior da casa. faz frio e só as crianças vivem todas as estações querendo ir para fora de suas casas. seguem o terral como a um olho furioso.
c.
m
fotografia aëla labbé
palavras luciana marinho