segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Solo

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A bailarina
e dentro dela o outono resta no ar.
As árvores crescem e se desfolham em seus ossos
na dança das flores constrangidas em suas raízes.
Pés inflamados giram no globo ocular
como grito pregado nas horas de morrer.
O vestido e nele as linhas se esgarçam
desatando o tempo.
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Texto e colagem Luciana Marinho

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Salina


Onde os pássaros famintos de nuvens. Onde o crepúsculo rubor de nossa face. Cumpro batismos enquanto a espera me cobre de desterro. Nomeio o fundo de tuas mãos. Nomeio as pombas que trazem o céu para a copa das árvores. E tu me perguntas pela nascente de meu corpo, garganta cristalizada pela sede. Gruta da alma. Esqueço. Esqueço a língua abrindo o céu a susto, a solidão quando se olha para o alto. No meu olhar, a Ursa Maior me cega e me diviniza.
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Colagem e texto  Luciana Marinho

domingo, 14 de setembro de 2008

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"Peito costurado de infinito"

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peito transparência plenitude
reconhecimento noite granito
distância tempo rumo
insondável
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voz.
Muralha.
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arco de luz
repousa o infinito
corpo de mar
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Texto (relendo hilda hilst)
e colagem Luciana Marinho
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sábado, 19 de abril de 2008

Olho d'água

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Havia a colina. O moinho.
A chuva fazendo da tarde uma ilha.
Os passos dentro das folhas.
E o ar amparando a idade das crianças.
Havia a bússola. O vento.
A cerca guiando os animais ao peito do homem.
A luz ecoando magnólias no fluir dos rios.
E o tempo recostado nas sementes.
Havia o olho d'água. O ventre.
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Fotografia e texto Luciana Marinho
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domingo, 16 de março de 2008

Inscrição em Luz

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Trazia no peito a mancha
de um vôo contra o céu trêmulo
e um dardo que lhe lançaram
enquanto velava seu pássaro
transformar-se em pouso.
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Fotografia e texto Luciana Marinho
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pássaros de Água

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Sentava-se no mar até seu vestido crescer
como crescem as papoulas vistas num rio.
Sentia os plânctons dourarem seu ventre.
Seu ventre como pedra ancorada
desejando chuvas.
Sentia-se embebida no sargaço
no cheiro intolerável das coisas restando.
Quanto mais a brisa vinha
mais descia seu corpo
de mil tentáculos nascendo
e se afogava.
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Colagem e texto Luciana Marinho
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Céu Íntimo

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Costuro o infinito sobre o peito.
E no entanto sou água fugidia e amarga.
E sou crível e antiga como aquilo que vês:
Pedras, frontões no todo inamovível.
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes.
Recente, inumana, inexprimível
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam.
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Poema Hilda Hilst
Colagem Luciana Marinho

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