2 de novembro de 2015
o silêncio aqui é quietude de presenças no dia em que se visitam os mortos. há o relógio antigo de minha avó. a cadeira de balanço de meu avô, depois, de meu pai até ele partir. os livros de minha mãe e os meus. há o silêncio que vem do vivido em tempos que não se conheceram, mas que se encontram aqui, no vão desta sala, onde sei falar de meu avô como se, algum dia, tivéssemos nos olhado nos olhos. seguro seu livro de poesia, manuscrito, como se tivesse recebido de suas mãos. as palavras são lares com cheiro, alento, conciliação. há querubim ressonando seu descanso em meus pés enquanto eu vejo fotografias dos anos 70, os do nascimento de minha nostalgia. há o tempo existindo só para termos histórias de vida.
palavras e fotografia luciana marinho