sábado, 19 de maio de 2012

Do ido


desiludo-me nesse porão...quase me sufoco tapando as narinas de deus
fuligens irrigam meu peito amontoado de ossos  estrias  vitrais
boca de céu tombada em suas membranas
amarílis  rosas  dálias maceradas nas entranhas
deixo a alma na largura do morrer do mundo
não sei
do quinhão...das heranças.que me quebram em água
me alastram em terra de ninguém
dessa mão queimada nos dedos
desse barbante em volta do punho para não esquecer
o vento abrindo roseira

fotografia  anka zhuravleva
palavras  luciana marinho

18 comentários:

  1. Luciana,
    Sinto sempre dificuldade em comentar, tal a dimensão da viagem das palavras. Fica, no entanto, a convicção de que o segredo está na forma do nosso viajar.

    Beijo :)

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    1. grata, AC.
      gosto quando o que fica é a insuficiência do verbo.

      beijos!!

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  2. luciana,
    seu poema é um espanto de imagens e sentimentos.
    senti-o de forma clara, claríssima. e me perfumei dele.

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    1. querido roberto, a musicalidade em "clara, claríssima" me ilumina e recebê-lo aqui também. beijos.

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  3. gosto quando aquilo que leio arranca imagens de mim

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    1. ...caleidoscopicamente nos reinventando... bem vindo, douglas. abraço.

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  4. Luciana,
    Enquanto seres individuais, em busca de algo, o nosso rodopiar é constante. E de tal forma que, vivido intensamente, mil cores se nos podem deparar. Mas nunca há o fim da viagem.
    Obrigado pela reflexão.

    Beijo :)

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    1. ...e vamos nos movendo na ciranda dos (des)encantos...

      beijos, AC!

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  5. No acto de vir aqui depara-se-nos sempre uma leitura (viagem) nova...

    Beijo :)

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    1. e o que está posto aqui sauda o dinamismo de teu mundo interior =)

      beijinho!

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  6. A veces el viento nos sale por la garganta, queriendo gritarnos a la cara y a los ojos lo que las palabras solas ya no musitan. Ese viento desearía para rozar el techo con las puntas de los dedos de mis pies, ajenos al frío y al desvelo.

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    1. [...]

      por seres tão inventivo
      e pareceres contínuo
      tempo tempo tempo tempo
      és um dos deuses mais lindos
      tempo tempo tempo tempo...

      peço-te o prazer legítimo
      e o movimento preciso
      tempo tempo tempo tempo
      quando o tempo for propício
      tempo tempo tempo tempo...

      de modo que o meu espírito
      ganhe um brilho definido
      tempo tempo tempo tempo
      e eu espalhe benefícios
      tempo tempo tempo tempo...

      o que usaremos prá isso
      fica guardado em sigilo
      tempo tempo tempo tempo
      apenas contigo e comigo
      tempo tempo tempo tempo...

      e quando eu tiver saído
      para fora do teu círculo
      tempo tempo tempo tempo
      não serei nem terás sido
      tempo tempo tempo tempo...

      [...]

      caetano veloso


      abraço, querida índigo.

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    2. Gracias, querida Lu. Me queda tiempo para dejarte un abrazo intenso y un beso agradecido y tierno. PRECIOSO, LU. GRACIAS.

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    3. otro abrazo para ti, índigo. y la paz de toda la naturaleza que te rodea. besos!

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  7. hermoso texto... realmente delicado...

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    1. bem vindo, vian.
      grata pela visita, pelo comentário..

      um abraço!

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