de tudo haveria de ficar para nós um sentimento
longínquo de coisa esquecida na terra.
manoel de barros
a criança fala sobre o caminho de volta
e as pedras inscritas no punho paterno.
fala o quanto prefere os dias chuvosos
— ela e os bichos que descem ao chão,
às pequenas poças.
o mundo fica maiúsculo
e as palavras, velhos apêndices.
ela paira entre seu corpo
e o quarto materno.
também estava prestes a se deixar lavrar
por tanta vida.
sabia, fora do pensamento, que não estava voltando.
estava indo, como nunca antes,
a não familiar casa da infância.
onde outras crianças eram o sono
e sua curvatura de lua.
fotografia b. berenika
palavras luciana marinho