domingo, 15 de dezembro de 2013

rota



de tudo haveria de ficar para nós um sentimento
longínquo de coisa esquecida na terra.

manoel de barros







a criança fala sobre o caminho de volta 
e as pedras inscritas no punho paterno. 
fala o quanto prefere os dias chuvosos
— ela e os bichos que descem ao chão, 
às pequenas poças. 
o mundo fica maiúsculo
e as palavras, velhos apêndices. 

ela paira entre seu corpo
e o quarto materno. 

também estava prestes a se deixar lavrar
por tanta vida. 

sabia, fora do pensamento, que não estava voltando. 
estava indo, como nunca antes, 
a não familiar casa da infância. 
onde outras crianças eram o sono 
e sua curvatura de lua. 




fotografia     b. berenika
palavras     luciana marinho

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