Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio à roda de seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade
Os antigos diziam que do centro de uma árvore se chegava a qualquer lugar. Sem perceber que transportavam essa sabedoria, as crianças desenhavam suas famílias e esconderijos no tronco das árvores mais altas, atraídas pela luz. Das mãos das crianças, assim, surgiam as primeiras árvores genealógicas para dizer do enraizamento humano. Na árvore genealógica, estavam o rumo de tudo e os segredos também. Mas, foram os homens de vista baixa os primeiros a desistir do caminho ascensional das árvores. Desenraizaram os pés da terra, ferindo e consumindo baobás, oliveiras, carvalhos ao fogo. Usaram a luz contra a luz. Peregrinaram sem gravidade, juntamente com seus filhos. Às vezes, algumas crianças sentiam uma nostalgia imensa. O tempo passava por elas como um calafrio. Quiseram ler o que fora apagado dos olhos. Sem perceber, procuraram as inscrições dos ancestrais nos distantes troncos que resistiam. Reconheciam a profunda tristeza das árvores como sua. Sustentavam luminescências contra signos mortos.
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Colagem e Palavras
Luciana Marinho
Luciana
ResponderExcluirGostei da postagem, me trouxe uma nostalgia imensa ficar aqui pensando estas crianças
abraços
assim estou hoje, querendo respirar de dentro das árvores :)
ResponderExcluirum abraço!
a cada gesto que faziam
ResponderExcluirum pássaro nascia dos seus dedos :)
Nostalgia de alas, de pájaros, de luz. Nostalgia de cimas, de veredas que se elevan. Nostalgia de copas que tocan con sus hojas las nubes, y las incendian. Volar, respirar. Nostalgia de árboles. Nostalgia de olas. Nostalgia de sendas, abiertas, de besos y de luciérnagas. Y tu mano que toca mi boca respira palabras y cadencias.
ResponderExcluirandressa,
ResponderExcluirbem vinda..
esses versos é de um dos poemas de eugénio de andrade que mais me toca.
um abraço!
índigo,
ResponderExcluirmuito grata e feliz fico com tua presença por aqui... sempre trazendo mais poesia.
abraço, querida!
Massa! Adoro suas colagens!
ResponderExcluirgrata, fred!
ResponderExcluirés muito bem vindo por aqui.
um abraço!
maquina colírica...
ResponderExcluirde transbordar os olhos...
colagem bonita, lu.... palavras que cairam como uma roupa feita sob medida para o manequim.
se é robertim quem diz...
ResponderExcluireu fico grata, queridíssimo!
aqui também és primeira pessoa :)
beijos!
Luciana,
ResponderExcluirQuando a leio fico sempre com a impressão de navegar em águas muito profundas, em locais onde o acessório não tem qualquer cabimento. E sinto-me grato por isso.
Obrigado.
Beijo :)
AC,
ResponderExcluirfiquei sem saber como te responder.. de tão admirada e agradecida. fico feliz que o máquina lírica seja, com a tua acolhida, essas águas profundas.
grande abraço!!
lindo :) adorei os recortes imagéticos, literários!
ResponderExcluirQue bela colagem! Lindo trabalho!
ResponderExcluirMuitas vezes, olhando as árvores, já senti ser uma delas. E esse desejo é quase permanente!
Sua sensibilidade nos encanta!
bom fim de semana, bjo Luciana.
felicidade clandestina,
ResponderExcluirclaricianas e claricianos
são sempre bem vindos! :)
um abraço!
soninha,
ResponderExcluirquando você vem, juntamente vêm as fotografias delicadas, as flores, os poentes.. os artezanais fazeres. tudo com muita beleza e cuidado.
fico feliz de encontrá-la aqui!
bem vinda!
beijoca.