surgem respirando as raízes afundadas
os olhos exilados em porões de outro mundo.
contra a luz
a sombra deixa enormes as víboras.
II
onde mais viverei?
o quarto era escuro e os objetos eram apalpados pelo hálito dos mortos.
as crianças comiam com a mão
e, às vezes, passavam o dia na água, esquecidas
III
não respondia pelo nome.
chegou aos sete anos com neblina encardindo as cavidades.
a pupila dilatada em pranto de nascer
quimera dentro de uma concha arrancada de mar nenhum.
IV
corria com os punhos fechados
para o soluço não cair da mão.
fotografia
lauren rosembaum
palavras
luciana marinho