a mão dela abriu o orvalho
para que a água descesse uma petúnia nos olhos.
de algum jeito todos envelheceram em suas sombras
foram desaparecendo na morte
sussurrada à borda dos poços
enquanto ela restava com seu vestido de ventre claro
e os olhos estendidos ao nevoeiro.
embrulhou suas idades na voz do avô:
"morre-se do que se vive".
e foi desafogando os cardumes do esquecimento.
luciana marinho
fotografias e palavras