segunda-feira, 25 de julho de 2011

hieróglifos

segredo-me até as cinzas se confundirem com o poente
a lua inclinar ao colo e arrastar a fadiga da rosa.
o solstício encobre um peito constelado
onde boca não desvenda,
onde pulso não respira?
inverno nos indícios de brasa no sangue.
uma criança cujo corpo é um sopro
repousa uma promessa no músculo de minhas costas:
guiar uma cruzada para ferir o sublime.
sorve-me elíptica,
o suor dos eucaliptos no miolo das flores.
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colagem e palavras
luciana marinho

domingo, 17 de julho de 2011

Interiores

à Eliz e Duda.
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Paisagem Interior I .

cresceu como um girassol à minha vista
em meio à serração e à tarde num punhado de orvalho
como um rio estendido pelas minhas extremidades
ou um lago me iluminando inteira
no vértice de um astro.
antiga era a mão ao tocar
estrelas enraizadas no semblante das árvores.
antigo respirar com força a terra
até luzir duas asas no diafragma.
tornei a principiar pelo coração.
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Paisagem Interior II . 

iluminar com lírios o encontro dos pés com a terra.
mover-se sobre as pedras de ar
como ser vertido no colo do silêncio.
não ter dentro e fora.
ser a ascensão de uma asa em fogo
como um vulcão no palato.
o que é o palato
senão por onde a alma desliza em sopro?
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Paisagem Interior III .

vento abrindo roseiras.
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fotografias e palavras

luciana marinho

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